FRATURA DE FÊMUR EM IDOSOS: IMPORTANTE DIMINUIR OS RISCOS

Grande causa de morbimortalidade entre idosos

A fratura de fêmur tem consequências graves para os idosos. Pode ocorrer em consequência de fatores genéticos, perda óssea, queda, ou por traumatismo devido a doenças ósseas, principalmente a osteoporose — mais comum entre mulheres na pós–menopausa e caracterizada pela fragilidade dos ossos. A incidência de tal fratura é grande entre idosos com mais de 60 anos e entre mulheres acima de 70 anos.

Por causa da taxa elevada de morbimortalidade, é importante o idoso se prevenir contra o risco da fratura de fêmur, tende a reduzir a capacidade funcional e a autonomia com perda de qualidade de vida.

Em termos do custo financeiro, os dados do SUS (Sistema Único de Saúde), mostram que o sistema de saúde gasta mais de R$ 51 milhões com o tratamento de fraturas decorrentes de queda, e R$ 24,77 milhões com medicamentos para tratamento da osteoporose.¹  As internações  costumam durar de 1 a 7 dias. Maior cuidado e prevenção poderão contribuir para a redução desses gastos substanciais, inclusive com a cirurgia.Fratura osteoporótica

Fratura da cabeça de fêmur devido à perda óssea causada pela osteoporose.

Fratura e sequelas associadas
A fratura de fêmur ocorre por conta da diminuição do conteúdo mineral ósseo, deterioração da microarquitetura óssea (a própria osteoporose) e da geometria femoral, fatores genéticos e quedas. Invariavelmente ela está associada à dor crônica, mobilidade reduzida, perda de capacidade funcional, doenças degenerativas da articulação distal à fratura, deformidade significativa, distrofia simpático-reflexa e perda de autonomia (Keene, 1993; Gardner, 2006)

Traumatismo por queda: incidência e causas
Em 2009, baseado em dados epidemiológicos do Brasil, Mesquita et al relatam achados com relação a traumatismos por queda, acidente mais frequente entre idosos, sendo suas complicações a principal causa de morte entre pessoas com mais de 65 anos. O autor ainda ressalta que a mortalidade anual em idosos em consequência desse tipo de traumatismo apresenta um pico por volta dos 85 anos e mais de 30% dos idosos hospitalizados com fratura de fêmur morrem um ano depois. (Atualização: pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em 2014, relataram de 15 a 50%.)

O trauma envolvendo fratura proximal de fêmur, muitas vezes está relacionado à osteoporose, desnutrição, diminuição das atividades do dia-a-dia, diminuição da acuidade visual, alteração de equilíbrio e dos reflexos, musculatura enfraquecida e outras doenças associadas, como doenças neurológicas, cardiovasculares e deformidades osteomioarticulares (Arliani et al., 2010; Muniz et al., 2007).

Traumatismo por doenças ósseas
femuroplastia é um dos procedimentos que realizamos para impedir as fraturas de fêmur e suas sequelas em pacientes com tumores ósseos metastáticos ou primários. O procedimento consiste da introdução de cimento de uso humano para reforçar a região. Também é utilizado para outras fraturas, de fêmur ou de vértebra, causadas por doenças que afetam os ossos, como a osteoporose, doença de Paget, estenoses espinhais, etc.

Radiografia mostrando a injeção de cimento (adequado para uso em humanos) durante uma femuroplastia –tratamento intervencionista para fratura de fêmur, realizado na Clínica Singular, Campinas-SP.

Dados – internações, perfil dos idosos com fratura de fêmur
Em 2011, Paula Chagas Bortolon, uma pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, com dados coletados dos registros nacionais de internação do SUS (2006-2008) traçou um Perfil das internações do SUS com fratura de fêmur osteoporótica em idosos no Brasil. A cientista constatou que 1% das internações no SUS eram devido à fratura de fêmur osteoporótica. Os percentuais de internação por este tipo de fratura, assim como os óbitos, foram mais expressivos no sexo feminino e aumentaram com a idade. A autora também ressalta que a fratura proximal de fêmur é a que mais acomete as pessoas idosas: 90% de todas as fraturas com indicação de tratamento cirúrgico.

A gravidade desse tipo de fratura também está relacionada ao elevado índice de mortalidade a ela atribuído. Os trabalhos internacionais mostram que, em seis meses, 18 a 34% dos pacientes morrem devido à fratura de fêmur. 12 a 20% morrem em um ano após esse tipo de fratura e 50% ficam incapacitados.

Em estudo mais recente no Brasil (2014), um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto analisaram os dados do SUS de um período de 5 anos (2008-2012) e reforçaram que a taxa de fratura de fêmur em idosos continua alta e predomina entre mulheres e citam um número maior em relação a morte em um ano devido à fratura de fêmur, como mencionado anteriormente no texto.

Pode-se dizer que tudo tem seu lado B. Vivemos mais tempo (aumento da expectativa de vida), porém estamos sujeitos aos desgastes naturais e às doenças músculo-esqueléticas típicas do envelhecimento. Com a idade a pessoa tende a ter mais perda óssea e menor percentual de massa muscular, principalmente a mulher na menopausa ou pós-menopausa, que predispõe mais à osteoporose e às fraturas.

Fatores de risco
– Envelhecimento
– Fratura anterior ou recorrente
– Queda
– Terapia com glucocorticoide
– Histórico familiar
– Histórico de fraturas de quadril
– Tabagismo

Estratégias intervencionistas

Tratamento com fármacos – O controle do enfraquecimento ósseo pode ser feito mediante o uso de drogas que atuarão sobre o processo de reabsorção óssea, como os bisfosfonatos, por exemplo, descrito no post Fraturas atípicas e a nova classe de bisfosfonatos usada nos tratamentos, como o ácido zoledrônico. O ácido zoledrônico demonstrou maior eficácia e reduziu significativamente as fraturas.

Apesar do órgão de vigilância sanitária dos EUA (FDA) ter recomendado que os pacientes passem por uma reavaliação após o uso prolongado, por mais de cinco anos, não há motivo para alarme. Os bisfosfonatos continuam sendo a primeira escolha no manejo da osteoporose, hipercalcemia e doença óssea de Paget.

Técnicas intervencionistas minimamente invasivas – a femuroplastia é uma opção de reforço da região trocantérica do fêmur, sendo uma técnica minimamente invasiva que é realizado em ambiente ambulatorial. O paciente sai no mesmo dia.

Reforço muscular – a prática do exercício físico orientado por fisioterapeuta, educador físico ou fisiatra. Músculos fortes ajudam a prevenir quedas.

Alimentação – dieta rica em cálcio e vitamina D, orientação de nutricionista é indicada.

Cigarro – Parar de fumar.

NO DIA A DIA:
– Evite situações de risco de trauma ao fêmur
– Utilize roupas e equipamentos adequados durante a prática de esportes ou outras atividades físicas
– Sempre utilize o cinto de segurança quando está dirigindo ou andando de carro

Enfim, fique atento e se cuide. Se já tem mais de 60 anos, já teve alguma fratura ou tem perda óssea, e sente dores, procure seu médico. Com o aumento de idosos no país, já está mais do que na hora do governo implementar políticas públicas de saúde visando o controle dos fatores de risco e prosseguir com o plano de moradia segura. https://www.youtube.com/embed/t6NgsOEJmbA

Fontes:
http://www.brasil.gov.br/saude/2012/04/quedas
http://www.scielo.br/pdf/csp/v30n12/0102-311X-csp-30-12-02669.pdf

Autor: Dr. Charles Oliveira

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